O SONHO E A QUARTA
DIMENSÃO
A QUARTA DIMENSÃO –
UTOPIA OU MISTIFICAÇÃO
Andam há quase duzentos anos, matemáticos e filósofos
seguidos de mágicos e ilusionistas, médiuns e religiosos a especular acerca da
4ª dimensão. Busca que se desenvolve quer no plano do exoterismo quer no da
área do experimentalismo, na tentativa de visualizar uma geometria que teima em
escapar à realidade das leis da física, tal como são conhecidas na actual etapa
do conhecimento.
Na informação a que tenho acedido, alguns destes pensadores
levantaram a questão de caracter filosófico perfeitamente legítima, como são
todas as questões que se debrucem sobre a essência da existência e do Universo;
outros, seguem-nos como quem embarca numa
ideia em moda ou num comboio que inicia a marcha independentemente do destino
que venha a ter, todos guiados por uma espécie de fé, promissora de que a 4ª
dimensão exista, sem que até agora tenham sido detectados indícios irrefutáveis
de que ela existe mesmo.
Penso que essas tentativas estarão condenadas ao impasse, tal
como a tentativa de provar a existência de Deus. Esse, e concretamente no
plural, a existir(em), nunca poderá ser provado; provavelmente, porque sendo um
conceito criado pelo Homem, mais ou menos antropomórfico, foram-lhe/s
atribuídas características, caprichos e mistérios reflexo das limitações
humanas, mas apetrechadas de dons superiores a reflectir, suponho, as grandes e
almejadas aspirações evolutivas do Homem.
Do pouco que tenho lido e das especulações que eu próprio me
tenho atrevido a fazer e que incidem também na pergunta “Têm os homens verdadeiramente necessidade de deus?” considero que
esse imaginário Ser Supremo, não é mais do que uma metáfora, bela metáfora, que
tem alguns aspectos excelentes parcialmente expressos nas “três religiões do
livro”, e com alguma diferença, no induísmo e no budismo, que para a humanidade
seria profícuo prosseguir, e agregar nas nossas próprias características.
Assim, também sou levado a considerar, que a busca da 4ª
dimensão sendo interessante enquanto especulação intelectual, sobretudo no
aspecto filosófico e considerando a matemática uma ferramenta da filosofia,
afigura-se-me como que uma espécie de busca do “Eldorado”.
Há cerca de 40 anos, muito antes de chegar até mim pela
primeira vez o conceito de 4ª dimensão, escrevi um texto de origem onírica, a
que chamei “Poema em Quatro Dimensões”, designação que lhe atribuí porque como
relato que foi, de um sonho, tanto a linguagem como a experiência tridimensional
eram insuficientes para o descrever, nomeadamente nos aspectos relacionados com
as emoções, mas especialmente com uma espécie de aura imaterial que lhe dava a ambiência só
possível na condição do onírico.
Essa insuficiência traduziu-se numa espécie de provocação, e na
tentativa de ultrapassar as limitações da linguagem, habituei-me a relatar,
escrevendo-os, os sonhos que me pareciam mais interessantes: Por um lado, pelo
aspecto recreativo, mas principalmente porque me surpreendi com a capacidade da
mente em construir enredos, desenvolver teses e chegar a conclusões, que julgo
me seria praticamente impossível de atingir, no estado de vigília com o
pensamento voluntário; por outro, porque me permitia experiências virtuais de
situações que embora dúbias, me pareciam convincentes, e outras, que
absolutamente escapam às leis da física; como voar, falar com pessoas que
morreram há muito, ou simplesmente passar através das coisas.
Todas as tentativas concretas de visualização da 4ª D não
tiveram resultado, senão a construção de modelos em 3D, como é o caso de
Charles Hinton com o seu hipercubo e outros sólidos geométricos. Muito
interessante como experiências construtivistas, nomeadamente o modelo que lhe
permitia “ver” uma forma complexa e localizá-la no espaço pelo sistema de
microcubos, que não posso deixar de perceber semelhanças com as representações
em Geometria Descritiva.
Já o filósofo Piotr Ouspensky entre alguns outros na mesma
linha de pensamento, aborda nas suas conjecturas, que me parecem não ter sido
tão pretensiosas como a de outros pensadores da 4ªD, propõe-nos que nós humanos,
somos concebidos por um hipotético Ser Superior, que poderia ser Deus, uma
espécie de alma (cósmica e unívoca, interpreto eu) que habita os corpos da 3ªD.
E acrescenta que, não se acreditando na dependência desse Ser Superior, somos
de facto seres da 4ª D, embora uma parte de nós pertença ao universo
tridimensional observável, (desconheço se nos considerava alguma espécie de
avatar), concluindo que aquilo a que chamamos consciência reside na 4ª
dimensão, que nele não é só um conceito espacial, englobando um mais vasto, o
hiperespaço.
(Imp pag.3)
Parece que temos um tipo de consciência de nível bastante
diferente dos outros animais, se bem que experiências recentes, tenham
demonstrado noutros primatas mais próximos do Homo Sapiens, capacidades de
reflexão quer de cálculo quer na expressão de emoções. Estes testes a serem
verdadeiros, poderão demonstrar que aquilo a que chamamos consciência resulta
da própria evolução, mercê do conhecimento do meio envolvente, das suas
mutações físicas e melhoramento dos recursos mentais, inclusive pela evolução
genética resultante de cruzamentos de diferenciados no ramo comum, potenciadores de uma melhor
adaptação às alterações do seu ecossistema e determinantes para a segurança.
Isto leva-me a considerar que desde os rudimentares
comportamentos de sobrevivência até àquilo que designamos por inteligência
reflexiva, longo percurso se tem feito, associado às dimensões do tecido
cerebral e ao confronto com condições cada vez mais complexas, e que a
necessidade de as compreender alargando o conhecimento que se amplia também em
complexidade, conduziu a uma capacidade reflexiva mais alargada.
Essa capacidade fez que o Homem não mais ficasse confinado a
encarar unicamente a realidade próxima, mas numa postura de antecipação que
diria estratégica, passou a ficcionar; primeiro, acerca de acontecimento
possíveis a haver, na modalidade causa e efeito; mais tarde na tentativa de
conhecer para lá dos seus horizontes que, entretanto, deixaram de ser estáticos.
Antecipar, pré-visualizando o que está atrás do penhasco ou
da montanha, quer fosse a caça, quer fosse o perigo, exige uma viagem virtual
que é um exercício da mente, ou seja, uma libertação do lugar no espaço real, todavia
permanecendo nele.
A mente seria, segundo esta dissertação, a primeira
componente humana a libertar-se das dimensões físicas. E isso não tem nada a
ver com o “divino” ou com a “magia”. A ficção é na verdade um exercício
libertador.
(imp.)
O artifício conhecido como “Fita de Mobius”, pretendendo ser
uma demonstração do que aconteceria numa viagem à 4ª dimensão, não é mais do
que uma operação física e como tal inerente à 3ªD de que não consegue escapar.
A 4ªD não foi encaixada comprovadamente nem na teoria dos
universos paralelos nem na da curvatura do espaço. Talvez se esconda na teoria
dos “Buracos Negros” onde alegadamente, o Tempo pára e o Espaço se comprime até
um limite, a partir do qual se dará eventual rotura para originar o eclodir de
um outro Universo.
Mas neste momento e até ver, a 4ªD é uma questão intelectual
ficcionada pelo mistério inventado. Tudo o que a ela concerne é trabalho
mental.
Pondo
de lado o conceito egocentrista de que só existe aquilo que se pode pensar, não
é verdade que pelo facto de pensarmos numa tal abstracção, ela passe a existir
de facto.
Permanece
como simples conjectura.
Por outro lado, só através do pensamento imaginativo, podemos
libertar-nos da 3ªD. Estas reflexões levam a supor que é na mente que reside a
4ªD. É simultaneamente subjectiva e génese de objectividade. Pertence ao
domínio da Utopia e como tal, é criativa na medida em que nos permite
transfigurar a matéria gerando novas formas e objectos, conduz à exploração e tentativa
de domínio do invisível, nomeadamente da energia, que já não é matéria,
resultados inexistentes antes da intervenção humana.
Tudo tem que ser inventado antes de existir.
Sem necessidade de ir mais longe, atrevo-me a pensar, na
senda de Piotr Ouspensky, mas em sentido oposto, que a 4ªD reside com
manifestações diferenciadas, na mente de cada um de nós. Piotr atribui à mente
a condição humana, mas vindo da 4ªD; eu acredito que é o trabalho mental que a
constitui.
De todas as hipóteses a que tive a oportunidade de aceder, e
o entendimento que elas me proporcionaram mais o pensamento a que a minha
curiosidade me conduziu acerca das coisas (sempre incompleto), penso que tudo o
que diz respeito à 4ªD é assunto da mente humana que não pára enquanto o nosso
corpo lhe forneça a energia de que necessita, quer estejamos acordados quer
estejamos a dormir. Enquanto no estado de vigília constrangidos ou
condicionados pelo meio físico envolvente, pelas questões do quotidiano,
compromissos morais ou contractuais, nos condicionam a sua actividade com todas
essas preocupações, com os desejos ou com projectos concretos, com a única
escapatória quando nos entregamos ao lazer, no sonho, já libertados por
completo do jugo das questões de sobrevivência individual e colectiva, seja ela
de cariz social ou cultural, a mente expande-se na sua função básica, liberta
daqueles condicionalismos sobretudo de ordem moral e ocupa-se em arquivar
registos a granel, conscientes ou inconscientes, a ensaiar conexões, a elaborar
teses incompletas pelos mais diversos motivos, a jogar com todas as questões
que o pensamento e a cultura local ou global agitam no mundo e na vida real. É na mente que
conseguimos libertar-nos da prisão da 3ª dimensão, que podemos instantaneamente
viajar no tempo, quer para o passado quer imaginariamente para o futuro, ou no
espaço cósmico já detectado e imaginar , só por gozo, as várias teorias acerca
do Universo, ou mergulhar no microcosmo, visualizando-o, com recurso a modelos
que reportam às descobertas matematicamente comprovadas pela física, ultrapassando
limitações dos microscópios mais potentes. Observar ao vivo o comportamento de
bactérias ou das células é uma realidade comparável à antiga especulação, que
seria o atributo de um viajante que da 4ª dimensão, viesse até nós.
No sonho, em que a mente dispõe de total liberdade, podemos
ser e não ser; estar presentes, mas invisíveis, assim como desdobrar lugares e
acontecimentos, intercalar aleatoriamente passado e presente, mudar
instantamente de lugar sem limite de distância, descortinar mistérios ainda não
revelados, resolver problemas aparentemente irresolúveis, vermo-nos a nós
próprios como se fossemos espíritos, distorcer os espaços e transformar com se
fossemos mágicos, tudo noutra coisa qualquer. Possibilitar enfim, as
impossibilidades.
Nada do que até agora li de teóricos como só possível na 4ª
dimensão, fica de fora da experiência que substancia o sonho, inclusive a
ausência de certos conceitos e linguagem que nos permitam descrever elementos
que, circunscritos, ou envolvendo a componente narrável do sonho, são a
essência imaterial que caracteriza estas “histórias” como sonhos, e assim,
impossível de transpô-las para a esperiência tridimensional.
Apercebermo-nos inclusivamente de facetas da nossa própria
personalidade, aspectos reprováveis pela cultura que nos molda, mas que se
manifestam em reacções, atitudes e comportamentos radicados no mais profundo da
natureza humana. Transportada esta observação para a experiência de Flatland, consideremos
uma qualquer bactéria associada, p. ex. ao corpo humano, e imaginemos que ela
tem consciência da sua própria existência e do “seu” mundo, e nada mais além do
alcance dos seus sentidos, quaisquer que eles sejam. Com o microscópio adequado
podemos observá-la e interferir no seu comportamento; ela não tem consciência
de nós, mas se tivesse iria considerar-nos seres de uma dimensão superior? Esta
conjectura seria tão natural como a dos habitantes de Flatland ao serem
visitados pela esfera. A questão que coloco, é se se trata de dimensões
diferentes ou se é somente uma questão de escala. Esta observação faz-me
considerar que a ideia inicial acerca de uma 4ªD constituiu pura abstracção,
não tendo havido no meio natural algo que a tivesse despertado.
A curiosidade acerca na natureza da vida, do mundo e do
Universo têm a sua razão de ser porque são realidades ao alcance dos nossos
sentidos. A busca da compreensão dessa sua natureza, fez-nos descobrir
componentes invisíveis e insuspeitadas no início das descobertas que são
complementares ou a causa dos equilíbrios que se reflectem nas leis da química
ou da física.
A um passo, está a pergunta acerca da forma, dimensões, e infinitude
ou limites do Universo. Ou se tudo isso é compatível com a possibilidade de
pluriversos, qualquer que seja o modelo da sua co-existência.
Bem se tenta conceber modelos para visualizar essas imaginárias
realidades, essas ficções acerca de múltiplos ou infinitos universos. A questão
dos universos paralelos que tanto tem sido explorada na ficção científica com
destaque para o cinema.
O conceito de paralelismo aplica-se na geometria euclidiana a
rectas ou segmentos de recta, a planos, ou a figuras inscritas em planos
paralelos entre si. Transportar a ideia de paralelismo para a 3ª dimensão e
tomando como exemplo 2 cubos, estes só se podem considerar paralelos se duas, e,
portanto, quatro das suas faces, tiverem essa propriedade. (a1//a2//b1//b2)
Como considerar duas esferas paralelas?
Quando leio acerca de universos paralelos, a ideia que se
forma no meu pensamento é que se referem a co-integrados, ocupando
reciprocamente o mesmo espaço. Prever-se-ia que ambos seriam materiais, mas
está comprovado que o mesmo espaço não pode ser preenchido por dois corpos
distintos. Isso só seria possível se houvesse um outro tipo de matéria
actualmente inconcebível.
Numa tentativa de visualização, e como não posso pensar na forma de algo invisível, recorri a um
aglomerado de espuma, que tive oportunidade de observar numa pequena queda de
água, que escorria turbulenta numa vala após uma chuvada. Observei algo que
pode ocorrer também quando fazemos bolas de sabão; a produção de múltiplas
bolhas quase imateriais. Em ambas as observações, as bolhas que seriam
semi-esféricas no regato ou esféricas na bola de sabão se feitas com alguma
profusão, aglomeram-se e intersectam-se, co-integrando-se. Se cada um dos
espaços encerrados pela finíssima superfície líquida quase “imaterializada”
correspondesse a um “universo”, poderíamos dizer que aqueles inúmeros universos
co-existiriam num “hiperespaço comum”, mas que a comunicação entre eles seria
de todo impossível; qualquer tentativa de passagem, resultaria na destruição do
sistema, portanto, irrealizável, pondo em causa o ponto de vista dos teóricos
que anseiam descobrir um meio que permita viabilizar viagens entre universos.
Mas com referência à questão de diferentes tipos de matérias para a possível
co-existência dos chamados universos paralelos não se coloca, quer nas bolas de
sabão, quer na espuma da cachoeira. A matéria que lhes possibilita a existência
é a mesma, a sua composição química é igual, sendo sumariamente hidrogénio e
oxigénio, na componente básica – a água (quase sempre contaminada); nas bolas
de sabão acresce o potássio e algumas gorduras, qualquer que sejam os elementos
químicos em presença; na espuma do mar, acresce o sal cujos componentes são o
cloro e o sódio; na água barrenta do regato, são transportados dissolvidos,
inúmeros e extensamente diversificados, sais, metais e outros elementos amorfos, com
igual valor presencial em todas as bolhas. Portanto todos esses aglomerados que
estou a equiparar a “universos (paralelos)”, têm a mesma composição conforme o
meio onde são produzidos.
Quanto à questão dos limites destes pequenos “universos”; o
que os limita é o ar envolvente que é composto maioritariamente por oxigénio,
hidrogénio, azoto, hélio e uma infinidade de gazes raros, que podem eles mesmos
estar presentes naquelas águas que evidentemente não são “puras”. Deduz-se que
a atmosfera exterior seja semelhante, senão igual, á que ficou aprisionada em
cada uma das bolhas em apreciação. O que as separa é a mesma água onde foram
geradas, com as mesmas substâncias organizadas de modo diferente em função de
temperaturas e pressões distintas, num equilíbrio de tensões das respectivas
atmosferas; interna e externa. Condições instáveis sempre a prazo, dependendo da
temperatura atmosférica envolvente e da própria temperatura do espaço encerrado,
associadas à evaporação das películas, e da maior ou menor perturbação
atmosférica.
Tudo transitório, finito, contido num relativo período de
tempo.
(Acho que a dinâmica das bolas de sabão merece um estudo
sério, que me daria gosto esclarecer, mas certamente muito além das minhas capacidades).
Serão as imagens interpretadas pelo processo de pareidolia,
um exemplo de como uma dimensão superior, nos permite atribuir uma referência
para com coisas reais, nomeadamente zoomórficos, a que me tenho dedicado com
recurso à fotografia, desde há uns anos para cá, como sendo o processo pelo
qual, pela arte, se produzem artefactos, desenho ou pintura e outros em 2D, mas
que interpretamos como representações emanantes do plano, tridimensionais? E
que pensar do mundo da informática, com as possibilidades que nos proporciona,
de concentrar numa dimensão praticamente virtual, numa Nano-dimensão,
quilómetros cúbicos recheados de produtos do pensamento humano?
Na ânsia de criação de Inteligência artificial, não procuram
os cientistas imitar/replicar a mente humana? Partindo da ideia de que é na
mente que acontece o que mais se assemelha ao que tem sido proposto como
atributo da 4ªD, a informática tem a propriedade de contrair quase
infinitamente num microchip, realidades indissociáveis tanto do espaço como do
tempo. Considere-se que os livros, por exemplo, não sendo mais do que objectos
físicos, contêm aquilo que é de facto o produto por excelência do pensamento, e
que em última instância conta, expresso em símbolos escritos que representam a
palavra falada. As imagens, que desde a invenção da fotografia necessitava de
suporte físico, estão agora libertas para a sua verdadeira natureza do domínio da luz, manipulada na expressão de sombra e de cor. O
som, que não é mais do que um fenómeno físico – a vibração do ar provocada por
causas naturais, por objecto ou artefacto, ou pala voz quer dos animais em
geral, quer pelo homem na forma revolucionária da palavra, sendo dependente
também do tempo, ao ser remetido e guardado no tal microchip, leva-nos a concluir
que além de outras propriedades, pode também contrair e suspender o tempo. E ao
ser guardado indefinidamente, revela também outro elemento importante que é a
memória. Ao contrário da palavra, que se propaga pelo espaço, a memória não
carece de espaço por residir numa suspensão do tempo. Ora, segundo aqueles
investigadores, a contracção do espaço a e suspensão do tempo seriam atributos
da 4ªD.
Tal como a arte transcende a matéria que a suporta porque
estabelece a ligação/provocando/estimulando/despertando no observador alusões a
factos e acontecimentos, e a emoções que são já imateriais e pertencentes à
sensibilidade, que é outro dos atributos da mente, tanto a imagem como a
palavra falada, escrita ou gravada em suporte magnético ou outros mais
modernos, como o laser, ou a organização de nanopartículas energéticas por
impulsos eléctricos, são gerados por entidades inerentes à 3ªD.Escapam à
geometria euclidiana, não podem ser situadas num qualquer lugar do espaço, nem
num instante preciso do tempo decorrente. São imateriais sem deixarem de ser
reais, mas são realidades tão importantes que podem determinar alterações na
realidade física.
As ideias apoiadas em conceitos que foram progressiva e
cumulativamente elaborados pela mente humana, as ideias, comportam-se como
aquele imaginário visitante da 4ªD que tudo sabe a nosso respeito, que pode num
relance observar todos os pormenores do interior do nosso corpo, e que
generosamente nos abre os olhos para aspectos menos evidentes da realidade 3D,
que nos revela a existência da 4ªD, que ninguém consegue imaginar sequer,
porque a preocupação fica virada para o exterior em vez de se debruçar sobre a
interioridade, sobre aquilo que nos faz diferentes dos outros animais.
É quase como afirmar
que “Deuses somos nós, só que não o
sabemos”.
Quem mais tem a capacidade de criar “do nada “, de alterar a
paisagem física do planeta e os ecossistemas, de associar elementos diferentes
produzindo novas entidades químicas? Quem mais consegue produzir artefactos
para se libertar do jugo que a gravidade nos impõe?
Quem é que em última instância tem a possibilidade de fazer
explodir um planeta, remetendo-o para o seu estado cósmico original?
Grande é o mais pequeno
Desde que o Homem se libertou do convencimento de que o mundo
era plano, ao aperceber-se de que a Terra não era o centro do mundo; que o Sol
não era o centro do Universo; quando se libertou do jugo do dogmatismo
religioso, abismou-se progressivamente na grandeza do Cosmo. Compreender a
mecânica celeste, penetrar no até então insondável âmago do Universo e
compreender a complexidade de forças que o fazem funcionar, descobrindo as
metamorfoses permanentes que ocorrem aleatoriamente (?) no seu interior
revelando-o como um organismo com vida própria, vida essa que transcende a concepção
biológica.
Questionar a sua forma no caso de ser finito, ou a sua
infinitude, se é o único ou se há Pluriversos e havendo-os, se são contínuos,
espaçados por vazios absolutos, ou se coexistem conglomerados no mesmo espaço ou
em dimensões “paralelas”. Se, havendo vários, estão entranhados uns nos outros,
mas reciprocamente incógnitos. Se a energia que organiza a matéria é igual ou
diferente da que regula o “vazio”.
Foram questões que geraram (uma espécie de loucura no mundo
da magia, do espiritismo, e no interior das religiões estruturadas) um afã na
busca de um mito que persiste a escapar ao controlo da razão.
Nota – Não esquecer a capacidade de com uma espécie de
“ciborg”, conduzir mentalmente à distância um pequeno robot.
Texto em bruto - Cambridge Abr2018……. 1ª revisão em 24
de maio2018