quinta-feira, 29 de novembro de 2012

EUROPA



EUROPA

Claro que gostaria de viver numa Europa onde qualquer cidadão fosse qual fosse a região de origem, sentisse que estava na sua terra.
Essa foi a ideia de Europa que se nos entranhou nos sentidos, quando após a 2ª Guerra, com a destruição em larga escala provocada pela agressividade hegemónica do Nacional Socialismo de Hitler, pensadores visionários e estadistas semearam a ideia de unir num grande sentimento comum, todas as populações, do grande puzzle constituído pelos países do ocidente europeu, única maneira de acabar com as agressões entre os respectivos estados.
Não deverá ter sido alheio a este desejo, e o conhecimento do processo que na América do Norte constituiu os EUA, nem a acção desenvolvida por Gandhi que conseguiu reunir numa grande nação uma miscelânea de povos diferentes que povoavam a India, com o duplo objectivo de eliminar o colonialismo britânico e construir uma identidade nacional.
Só a construção de uma unidade dos povos europeus poderia assegurar a paz, pondo fim a um belicismo presente nos mais de dois mil anos de História europeia, mas diferentemente das grandes campanhas que anteriormente pretendiam uma Europa num só estado sob o domínio de um conquistador guerreiro, como o foi a invasão de Átila até ao nazismo de Hitler passando pelo carismático Napoleão Bonaparte, a construção de uma Europa Humanista, solidária, coesa, só seria possível se fosse realizada sob ideias de uma comunhão de interesses, e na prossecução da dignidade dos povos que a compunham.
Ainda por sarar as feridas da última guerra, Jean Gabin e outros alimentando a mesma utopia, apontaram o objectivo elevado em termos económicos e de justiça social, éticos e culturais, todos, valores associados às grandes conquistas dos povos desde o Sec. XIX. O Projecto, que no seu cerne teria de considerar aquilo que constitui verdadeiramente as nações, os seus povos, só poderia ser a União de uma Europa dos Povos.
Foi esse o sonho que nos fizeram sonhar, além de Jean Gabin, Willy Brandt, Helmut Khol, Jaques Delors, só para citar os mais mediáticos. O nosso Mário Soares, na mesma linha de ideais, quis promover a integração de Portugal no movimento unificador.
Mas… Não há revolução de puros ideais que consiga manter a pureza inicial.
Há sempre os que, perante uma mudança anunciada se apressam a mudar de pele como o camaleão, e os inúteis que sem terem feito de positivo na vida, correm para a frente para ficar com os melhores lugares.
Se por um lado os homens que governam os países europeus acreditaram que era esse o futuro, depressa se expandiram os portentados económicos graças aos avanços tecnológicos, e aos negociantes de dinheiro, que tomaram de assalto os lugares-chave da acção política, passando a mandar o poderio financista.
Salvo honrosas excepções a generalidade dos políticos sob a capa de democratas, actuam como testas de ferro dos interesses capitalistas. Veja-se a cobertura que muitos deputados europeus estão a dar à vontade de multinacional Monsanto para obter a patente legal de sementes que são património da Humanidade de modo a obter o controlo da produção de alimentos à escala global.
Por outo lado a obsceno rol de mordomias e compensações que usufruem, nega o princípio da moralidade da lealdade e da solidariedade face à degradação económica que grassa nos seus países.
Contam-se pelos dedos das mãos as medidas educativas para a criação de mentalidades solidárias entre os povos de diversas etnias, tendências culturais ou religiosas. Contrariamente mantêem-se mentalidades nacionalistas, revanchistas e xenófobas. Um panorama que serve os interesses dos grandes grupos económicos, na medida em que obsta ao entendimento harmoniosos das várias nações europeias.
São os grandes grupos económicos quem dita as linhas condutoras da política comum, e contraditoriamente são os dois países mais destruídos com a guerra e que mais devem a sua recuperação aos estados solidários, e aos trabalhadores que ali se deslocaram para co o seu esforço reerguerem a grandeza anterior, manifestam agora com arrogância para com os mais pobres, sinais de quererem subjugar aqueles que tanto os ajudaram visando agora lucrar com os empréstimos destinados a “salvar” as economias periféricas.
Quererão eles agora conseguir pelo dinheiro o que Napoleão não conseguiu pelas armas nem Hitler pela eliminação de uns e a escravização de todos os outros que não tendo afinidades étnicas com os germanos, eram considerados impuros e inferiores?
Pelas considerações acima apresentadas penso que só um movimento Pan-Europeu de cidadãos esclarecidos, e liderados pelos valores universais da solidariedade e da equidade social, como por exemplo próximo o da Noruega, conseguirá alterar esta política fomentadora do desemprego, e por consequência da miséria que facilita a sujeição aos desígnios daquela gente.
Há que lembrar a História, para não repetir erros no futuro.

S. Teotónio24Nov 2011

Sem comentários:

Enviar um comentário