COMUNIDADE ECONÓMICA
EUROPEIA
A criação da COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA, renomeada UNIÃO EUROPEIA, é um sonho em evolução para uma Europa Humanista,
solidária, economicamente forte.
Concebida por pensadores visionários e
estadistas de renome, seria o único caminho para a paz, e o fim do belicismo que
caracterizou os mais de dois mil anos de História Europeia. Jean Monnet, Willy
Brandt, Helmut Kohl, François Mitterrand, Jaques Delors, e outros alimentando a
mesma utopia, criaram uma organização de Estados, que foi evoluindo em termos económicos e de justiça social, éticos
e culturais, associados às grandes
conquistas dos povos ocidentais desde o Sec. XIX.
Aquilo que foi de início uma comunidade
de cariz industrial, foi, com a entrada em cena de políticos mais comprometidos
com as questões sociais, desenvolvendo uma identidade que se reflectiu na
designação COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA.
Inicialmente CECA; (Comunidade Económica
do Carvão e do Aço) criada pelo Tratado de Paris em 1951 por iniciativa dos
franceses Jean Monnet e Robert Schuman. Em 1953 no Tratado de Roma aderiram
outros países, nomeadamente Itália, RFA, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.
No grupo dos doze, Portugal entrou
juntamente com Espanha em 1998.
O que parecia ser uma criação original,
prometendo ser uma Europa de Povos, etapa de progresso, de bem-estar e de
igualdade entre as Nações, propiciou ao desenvolvimento dos mais poderosos
grupos económicos. De tal modo que a virgindade deste privilegiado espaço de
mercado, ofereceu-se a potentados económicos e a outros, que, visando a
acumulação de lucro como determinação de poder, tomaram de assalto os
lugares-chave da acção política, passando a ser esta, um mero instrumento para
atingirem seus fins.
Por não haver revolução de puros ideais
que consiga manter a pureza inicial, “políticos “ formados expressamente para o
efeito, camaleões à boleia, e inúteis que nunca fizeram nada na vida para o bem
comum, cedo ascenderam a lugares decisórios.
Entenda-se nessa perspectiva, a
cobertura que muitos deputados europeus estão a dar à pretensão da
multinacional “Monsanto”, de obter a patente de sementes que são património da
Humanidade, com o objectivo de dominar a produção de alimentos à escala global.
E a desfaçatez do espírito de elite auto promovida, expressa em obscenas mordomias
e honorários, face à degradação económica que ameaça quase toda a Europa, não
corresponde evidentemente à lealdade devida aos eleitores. Resulta antes, da
força dos lóbis que suportaram a sua ascensão política. Grupos económicos ditam
a condução da política comum, e são dois dos países que mais devem a sua
recuperação após a 2ª Guerra, aos trabalhadores dos estados solidários que com
o seu esforço reerguerem a grandeza anterior, que manifestam agora, com
arrogância, planos para os subjugar, visando lucrar, por acréscimo, com os juros
de empréstimos para “salvar” as economias periféricas. Para que serve o aumento
do desemprego senão para gerar a miséria, facilitadora de sujeição aos seus
desígnios?
Esta,
não é uma COMUNIDADE ECONÓMICA
EUROPEIA.
A
EUROPA que nos impõem agora viu
alterada a sua essência ao mudarem-lhe o nome. A eliminação da expressão
“COMUNIDADE ECONÓMICA” da designação inicial alterou a filosofia original de
cariz humanista. O conceito de UNIÃO é chapéu para tudo o que se quiser. A
prometida Europa dos Povos cedeu
lugar à das multinacionais, e instituições financeiras, para quem os povos não
são mais, do que uma reserva onde vão buscar o labor e instalar a breve prazo o
servilismo, eliminando a dignidade e a Liberdade.
Não esqueçamos que, mil terão de viver
na pobreza, para produzir um rico.
Paulatinamente, o poder financeiro aliado e, muitas
vezes em unívoco, com as poderosas indústrias exportadoras de produtos
tecnológicos muito variados, criaram as dependências de povos e dos estados.
Acumularam poder financeiro enquanto exauriam as riquezas reais e os sistemas
produtivos dos países, deixando em seu lugar um modelo tecnológico parado no
tempo que só subsistirá numa eterna dependência dos fornecedores, pois nem a
capacidade de inovação chegou a ser potenciada.
Está certamente presente na memória de todos a
“generosidade” manifestada pela Alemanha há cerca de um ano, quando face à
dificuldade de integração de jovens licenciados no mercado de trabalho, aquele
país se ofereceu para receber todos os recém-licenciados preferentemente na
área das engenharias.
Já nem se disfarça, esta estratégia de empobrecimento
de competências, inibidora de um desenvolvimento, quiçá libertador, a médio e
longo prazo.
O acordo do passado dia 09Dez imposto pela Alemanha e secundada
pela França pretende salvar o Euro à custa de medidas de empobrecimento progressivo
dos restantes países que com eles partilham a moeda.
Não esqueçamos os custos, que teve para Portugal a
política do “Escudo forte” de Salazar. A força do Escudo residia na quantidade
de ouro acumulada nos cofres do Banco de Portugal. Ouro a que só tinha acesso,
uma certa “nomenklatura” dominante. Ouro no cofre, miséria no Povo. A essa
política de segurança da moeda, correspondeu o atraso a todos os níveis, de um
povo sistematicamente reprimido física e psicologicamente, devido às justas
manifestações de revolta.
Parece claro que este novíssimo acordo não tem nada a
ver com o espírito fundador de uma economia comum (COMUNIDADE ECONÓMICA). O projecto destes dois estados só tem a ver com o
assegurar de mercado para as suas exportações. Querem ficar com a faca e o
queijo na mão, convencendo os outros a inscrever nas suas Constituições o
chamado “Limite Orçamental”.
A consequência imediata deste limite é que cada
Estado, cada Povo, nunca mais poderá decidir, sobre os investimentos que julgue
mais necessários segundo o seu entendimento soberano. É a razão pela q1ual a
austeridade e o sacrifício prevalece sobre o deserto de estratégias
estruturais.
A imposição de uma percentagem do PIB, revela com a
máxima clareza, que enquanto os Estados mais ricos, podem em valor absoluto
investir uma quantia mais elevada acelerando o seu desenvolvimento, os países
mais pobres vêem-se limitados a investimentos irrisórios pelo que as diferenças
acentuar-se-ão. Em breve terão de “vender os dedos” para se recapitalizarem,
pois os anéis já não existem.
E não nos surpreendamos se os compradores dos poucos
recursos produtivos que restam, vierem a ser exactamente aqueles, que vêem a
concentrar o domínio do verdadeiro poder. Chineses (*), Árabes, e da Europa
“solidária” a Alemanha à cabeça.
Agravam-se assim as assimetrias e eterniza-se o
domínio financeiro, económico e político, criador a breve trecho, de um novo
modelo de imperialismo.
Recomendo: - Carta de um alemão aos amigos gregos e resposta
de um cidadão grego ao autor da carta na revista “Stern”.
- Artigo da Dr.ª Isabel do Carmo DN de 10Dez2011 - “ Já vivi nesse país
e
não gostei”
Que Europa
queremos?
Desta Europa que não chegou a ser, e que dificilmente
retomará os objectivos de Paz e Equidade, de dignificação do Homem e da Cultura
da Europa, saúde-se, a eliminação das fronteiras, a criação da moeda única
facilitadora da livre circulação de pessoas e bens, o convívio intercultural com
destaque para o intercâmbio entre universidades, propiciador de conhecimento
mútuo, da construção de uma cultura plural comum, da eliminação de
preconceitos, e do estabelecimento de solidariedade entre os povos e as nações.
Só com a vontade colectiva dos cidadãos esclarecidos e
dos povos, se poderá construir uma Europa solidária, justa, igualitária e
verdadeiramente forte.
Se houver em cada País, uma educação para a cidadania,
para o conhecimento, organização e projecto, sentido crítico; se se construir um
princípio de solidariedade entre os povos, havê-la-á certamente entre os
respectivos governos numa sociedade verdadeiramente democrática.
S. Teotónio 13dez2011
Fernando Fonseca
*Escultor - Professor dos 2º e 3º ciclos
(aposentado)
(*) – A China como toda agente sabe, já comprou
parte da EDP, e prepara-se para outras aquisições de
valor estratégico. O Gigante acordou com um apetite insaciável. – Ver revista
VISÂO 4-10Jan2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário