quinta-feira, 29 de novembro de 2012

COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA



COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA

A criação da COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA, renomeada UNIÃO EUROPEIA, é um sonho em evolução para uma Europa Humanista, solidária, economicamente forte.
Concebida por pensadores visionários e estadistas de renome, seria o único caminho para a paz, e o fim do belicismo que caracterizou os mais de dois mil anos de História Europeia. Jean Monnet, Willy Brandt, Helmut Kohl, François Mitterrand, Jaques Delors, e outros alimentando a mesma utopia, criaram uma organização de Estados, que foi evoluindo em termos económicos e de justiça social, éticos e culturais, associados às grandes conquistas dos povos ocidentais desde o Sec. XIX.
Aquilo que foi de início uma comunidade de cariz industrial, foi, com a entrada em cena de políticos mais comprometidos com as questões sociais, desenvolvendo uma identidade que se reflectiu na designação COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA.
Inicialmente CECA; (Comunidade Económica do Carvão e do Aço) criada pelo Tratado de Paris em 1951 por iniciativa dos franceses Jean Monnet e Robert Schuman. Em 1953 no Tratado de Roma aderiram outros países, nomeadamente Itália, RFA, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.
No grupo dos doze, Portugal entrou juntamente com Espanha em 1998.
O que parecia ser uma criação original, prometendo ser uma Europa de Povos, etapa de progresso, de bem-estar e de igualdade entre as Nações, propiciou ao desenvolvimento dos mais poderosos grupos económicos. De tal modo que a virgindade deste privilegiado espaço de mercado, ofereceu-se a potentados económicos e a outros, que, visando a acumulação de lucro como determinação de poder, tomaram de assalto os lugares-chave da acção política, passando a ser esta, um mero instrumento para atingirem seus fins.
Por não haver revolução de puros ideais que consiga manter a pureza inicial, “políticos “ formados expressamente para o efeito, camaleões à boleia, e inúteis que nunca fizeram nada na vida para o bem comum, cedo ascenderam a lugares decisórios.
Entenda-se nessa perspectiva, a cobertura que muitos deputados europeus estão a dar à pretensão da multinacional “Monsanto”, de obter a patente de sementes que são património da Humanidade, com o objectivo de dominar a produção de alimentos à escala global. E a desfaçatez do espírito de elite auto promovida, expressa em obscenas mordomias e honorários, face à degradação económica que ameaça quase toda a Europa, não corresponde evidentemente à lealdade devida aos eleitores. Resulta antes, da força dos lóbis que suportaram a sua ascensão política. Grupos económicos ditam a condução da política comum, e são dois dos países que mais devem a sua recuperação após a 2ª Guerra, aos trabalhadores dos estados solidários que com o seu esforço reerguerem a grandeza anterior, que manifestam agora, com arrogância, planos para os subjugar, visando lucrar, por acréscimo, com os juros de empréstimos para “salvar” as economias periféricas. Para que serve o aumento do desemprego senão para gerar a miséria, facilitadora de sujeição aos seus desígnios?  
 Esta, não é uma COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA.
A EUROPA que nos impõem agora viu alterada a sua essência ao mudarem-lhe o nome. A eliminação da expressão “COMUNIDADE ECONÓMICA” da designação inicial alterou a filosofia original de cariz humanista. O conceito de UNIÃO é chapéu para tudo o que se quiser. A prometida Europa dos Povos cedeu lugar à das multinacionais, e instituições financeiras, para quem os povos não são mais, do que uma reserva onde vão buscar o labor e instalar a breve prazo o servilismo, eliminando a dignidade e a Liberdade.
Não esqueçamos que, mil terão de viver na pobreza, para produzir um rico.

Paulatinamente, o poder financeiro aliado e, muitas vezes em unívoco, com as poderosas indústrias exportadoras de produtos tecnológicos muito variados, criaram as dependências de povos e dos estados. Acumularam poder financeiro enquanto exauriam as riquezas reais e os sistemas produtivos dos países, deixando em seu lugar um modelo tecnológico parado no tempo que só subsistirá numa eterna dependência dos fornecedores, pois nem a capacidade de inovação chegou a ser potenciada.
Está certamente presente na memória de todos a “generosidade” manifestada pela Alemanha há cerca de um ano, quando face à dificuldade de integração de jovens licenciados no mercado de trabalho, aquele país se ofereceu para receber todos os recém-licenciados preferentemente na área das engenharias.
Já nem se disfarça, esta estratégia de empobrecimento de competências, inibidora de um desenvolvimento, quiçá libertador, a médio e longo prazo.
O acordo do passado dia 09Dez imposto pela Alemanha e secundada pela França pretende salvar o Euro à custa de medidas de empobrecimento progressivo dos restantes países que com eles partilham a moeda.
Não esqueçamos os custos, que teve para Portugal a política do “Escudo forte” de Salazar. A força do Escudo residia na quantidade de ouro acumulada nos cofres do Banco de Portugal. Ouro a que só tinha acesso, uma certa “nomenklatura” dominante. Ouro no cofre, miséria no Povo. A essa política de segurança da moeda, correspondeu o atraso a todos os níveis, de um povo sistematicamente reprimido física e psicologicamente, devido às justas manifestações de revolta.
Parece claro que este novíssimo acordo não tem nada a ver com o espírito fundador de uma economia comum (COMUNIDADE ECONÓMICA). O projecto destes dois estados só tem a ver com o assegurar de mercado para as suas exportações. Querem ficar com a faca e o queijo na mão, convencendo os outros a inscrever nas suas Constituições o chamado “Limite Orçamental”.
A consequência imediata deste limite é que cada Estado, cada Povo, nunca mais poderá decidir, sobre os investimentos que julgue mais necessários segundo o seu entendimento soberano. É a razão pela q1ual a austeridade e o sacrifício prevalece sobre o deserto de estratégias estruturais.
A imposição de uma percentagem do PIB, revela com a máxima clareza, que enquanto os Estados mais ricos, podem em valor absoluto investir uma quantia mais elevada acelerando o seu desenvolvimento, os países mais pobres vêem-se limitados a investimentos irrisórios pelo que as diferenças acentuar-se-ão. Em breve terão de “vender os dedos” para se recapitalizarem, pois os anéis já não existem.
E não nos surpreendamos se os compradores dos poucos recursos produtivos que restam, vierem a ser exactamente aqueles, que vêem a concentrar o domínio do verdadeiro poder. Chineses (*), Árabes, e da Europa “solidária” a Alemanha à cabeça.
Agravam-se assim as assimetrias e eterniza-se o domínio financeiro, económico e político, criador a breve trecho, de um novo modelo de imperialismo.
Recomendo: - Carta de um alemão aos amigos gregos e resposta de um cidadão grego ao autor da carta na revista “Stern”.
                     - Artigo da Dr.ª Isabel do Carmo DN de 10Dez2011 - “ Já vivi nesse país e
                       não gostei”
Que Europa queremos?
Desta Europa que não chegou a ser, e que dificilmente retomará os objectivos de Paz e Equidade, de dignificação do Homem e da Cultura da Europa, saúde-se, a eliminação das fronteiras, a criação da moeda única facilitadora da livre circulação de pessoas e bens, o convívio intercultural com destaque para o intercâmbio entre universidades, propiciador de conhecimento mútuo, da construção de uma cultura plural comum, da eliminação de preconceitos, e do estabelecimento de solidariedade entre os povos e as nações.
Só com a vontade colectiva dos cidadãos esclarecidos e dos povos, se poderá construir uma Europa solidária, justa, igualitária e verdadeiramente forte.
Se houver em cada País, uma educação para a cidadania, para o conhecimento, organização e projecto, sentido crítico; se se construir um princípio de solidariedade entre os povos, havê-la-á certamente entre os respectivos governos numa sociedade verdadeiramente democrática.
S. Teotónio 13dez2011
Fernando Fonseca

*Escultor - Professor dos 2º e 3º ciclos (aposentado)

(*) – A China como toda agente sabe, já comprou parte da EDP, e prepara-se para outras aquisições de valor estratégico. O Gigante acordou com um apetite insaciável. – Ver revista VISÂO 4-10Jan2012.

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